AE Lima-de-Faria

Escola EB Carlos de Oliveira - Febres

EBCO

O patrono da EB Carlos de Oliveira
CARLOS DE OLIVEIRA | um homem da Gândara

O autor de Uma Abelha na Chuva conheceu de bem perto a realidade física e humana gandaresa. Realidade, esta, que abundantemente transparece na sua obra narrativa: "Venho de famílias arenosas (pântanos, pinheiros, dunas), gente por assim dizer alimentada a cerne, avós carpinteiros de soalhos, pranchas, móveis trabalhados, grandes plantadores e lavrantes de madeira" (OLIVEIRA, C., 2004: 119). Nascido em 10 de Agosto de 1921 na cidade de Belém do Pará, no Brasil, para onde os pais (Aurora Serra de Oliveira e Américo de Oliveira) haviam emigrado após a Primeira Grande Guerra, com eles regressou a Portugal (tinha, então, dois anos), passando a viver, inicialmente, na casa do avô ("(..) casa de meu avô, hoje destruída para que a infância (como lhe compete) habite pouco mais que a memória" - OLIVEIRA, C., 2004: 71), na aldeia de Quintas da Camarneira, a dois passos de Febres, e, pouco depois, cerca de dois anos, nesta última localidade - também do concelho de Cantanhede. E por aqui se manteve, vindo a entrar na Escola Primária com apenas seis anos, logo evidenciando especial tendência para as letras e para a escrita.
Completado este ciclo escolar, Carlos de Oliveira seguiu estudos liceais na sede do concelho de Cantanhede, entre 1931 e 1933, e, posteriormente, em Coimbra, no Liceu D. João III (hoje, Escola Secundária de José Falcão), a partir de 1933. Também os estudos superiores decorreram nesta cidade (entre 1941 e 1947), onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, defendendo a tese "Contribuição para uma estética realista". Durante este longo período (da infância, da adolescência e da juventude), aquele que mais profundamente molda o ser humano, o contacto com a Gândara foi permanente - e intenso. Ele o diz, de forma cristalina, em O Aprendiz de Feiticeiro: "Meu pai era médico de aldeia, uma aldeia pobríssima: Nossa Senhora das Febres. Lagoas pantanosas, desolação, calcário, areia. Cresci cercado pela grande pobreza dos camponeses, por uma mortalidade infantil enorme, uma emigração espantosa. Natural, portanto, que tudo isso me tenha tocado (melhor, tatuado)" (OLIVEIRA, C., 2004: 183-184).
Mais tarde (1948), viria a fixar residência em Lisboa, onde passou a viver com Maria Ângela de Oliveira (ficcionalmente, Gelnaa), de origem madeirense e sua colega universitária, com quem casou em 1949. A ela se refere nos termos seguintes: "Ainda jovem, quando a conheci. Os olhos mais claros do que hoje (a vida escureceu-lhos bastante), o cabelo solto num halo de bruma e brisa que faz pensar nos amanheceres da sua ilha (...)" (OLIVEIRA, C., 2004: 156). A ela se referirá abundantes vezes, ora dedicando-lhe vários textos, ora referindo o seu contributo como "criptógrafa" e "copista" incansável, ora, ainda, como companheira (cúmplice) e modelo inspirador da sua textualidade). Em Lisboa, desenvolveria atividade profissional diversa - não deixando, contudo, de regressar com alguma regularidade às gândaras que tanto o haviam "tatuado". Veja-se quão profundo calou na memória do homem-artista a paisagem de sílica destas terras chãs: "Perguntam-me ainda porque falo tanto da infância. Porque havia de ser? A secura, a aridez desta linguagem, fabrico-a e fabrica-se em parte de materiais vindos de longe: saibro, cal, árvores, musgo. E gente, numa grande solidão de areia. A paisagem da infância que não é nenhum paraíso perdido, mas a pobreza, a nudez, a carência de quase tudo. Desses elementos se sustenta bastante toda a escrita de que sou capaz, umas vezes explícitos, muitas outras apenas sugeridos na brevidade dos textos. E disse sem querer uma palavra essencial para mim. Brevidade. Casas construídas com adobos que duram sensivelmente o que dura uma vida humana. Pinhais que os camponeses plantam na infância para derrubar pouco antes de morrer. A própria terra é passageira: dunas modeladas, desfeitas pelo vento. Que literatura poderia nascer daqui que não fosse marcada por esta opressiva brevidade, por este tom precário, demais a mais tão coincidentes com os sentimentos do autor?" (Ibidem: 186).
Naquela cidade faleceria, em 1 de Julho de 1981, vindo os restos mortais a ser depositados no Cemitério dos Prazeres.
A circunstância de não deixar prole parece transparecer amargamente de algumas das suas páginas: "Um tempo enorme gasto a resguardar madeiras, metais trabalhados, entregues pelos pais aos filhos, pelos filhos aos netos. O rio das heranças, mobílias, oficinas, terras, procurando dar algum sentido a uma teia infatigável de partos. Que sentido? Não compreendo bem. E depois, sem filhos, o rio pára em mim, o fio de aranha quebra-se. (.). Estou de facto só. Apesar de tu existires, Gelnaa, rejeito em bloco o passado, o presente, o futuro e escrevo as duas palavras, desolação, desilusão, que tanto ponderei. Para quê, afinal, se hoje não tenho outras?" (Idem: 188-189).
Co-proprietário e redator da revista Vértice (voz literária do grupo neo-realista coimbrão - sobretudo na década de 40), resistente ao regime salazarista e vítima da polícia política, ideologicamente comprometido com os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade, também ele fez da escrita literária uma arma de combate. Sem prejuízo da qualidade estética, bem patente nas suas obras - infelizmente, mais conhecidas e apreciadas, hoje, mundo fora, do que no seu país!

© Texto da autoria de Mário Idílio Oliveira


A EB2/3 Carlos de Oliveira e o Agrupamento Finisterra, Febres

A Escola C+S de Febres entrou em funcionamento no dia 1 de Setembro de 1989, tendo sido criada pela Portaria n.º 823/89, de 16 de setembro. Posteriormente adotou o nome do seu patrono, passando a chamar-se Escola Básica 2, 3 Carlos de Oliveira, de Febres.
Desde cedo se procurou incrementar a união de todo o território educativo e a diminuição do isolamento de algumas escolas do 1.º ciclo, como testemunha o projeto De mãos dadas e o Projeto Educativo, em vigor nos anos de 1995 a 2000, tinha como finalidade Minimizar as diferenças, promover a educação. Assim, não é de estranhar a criação da Escola Básica Integrada (EBI) de Febres pelo Despacho 45/SERE/93, de 24 de dezembro. Esta unidade de ensino é constituída pela escola polo mais três centros pedagógicos, a saber:
Centro A - S. Caetano; Corticeiro de Cima.
Centro B - Balsas, Vilamar, Fontinha.
Centro C - Covões, Camarneira, Labrengos, Marvão, Montouro e Barreira.
A Escola-sede manteve um projeto ligado ao PEPT (Programa Educação Para Todos), incluindo a parceria com a grande maioria das escolas do Primeiro Ciclo da sua área pedagógica. Este projeto (Lado a lado rumo ao futuro) permitiu um bom acompanhamento dos alunos na transição do primeiro para o segundo ciclo, o desenvolvimento das expressões (musical, física, motora e plástica) e ainda a sensibilização para a aprendizagem das línguas estrangeiras (Francês e Inglês).
Mais tarde, já depois da aprovação do Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio, foi criado o Agrupamento de Escolas "Finisterra" por despacho do Secretário de Estado da Administração Educativa, com data de 17 de maio de 1999, agrupamento constituído pela EB 2,3 Carlos de Oliveira, as EB1 de Febres, S. Caetano, Corticeiro de Cima, Balsas, Fontinha, Vilamar, Covões, Camarneira, Montouro, Barreira, Labrengos e Marvão e os Jardins de Infância de Febres, S. Caetano e Vilamar.
Com o intuito de dar continuidade à ideia de homenagear Carlos de Oliveira, selecionou-se o título de uma das suas obras para designar o Agrupamento. Adotou-se o título do romance FINISTERRA, um livro exemplar de narrar e sugerir, onde tudo nele é perfeito e fascinante; disciplina, precisão e rigor perpassam esta obra-prima da literatura portuguesa contemporânea (um dos mais belos romances do século XX em Portugal) ao qual o autor atribuiu o subtítulo de PAISAGEM E POVOAMENTO.
Entre as atividades que mais movimentaram a EBI e depois o Agrupamento constam-se os desfiles de Carnaval, com a participação de todos os jardins e escolas do território educativo, as festas de encerramento do ano letivo e algumas iniciativas no âmbito de comemorações locais ou nacionais. Saliente-se ainda a dinamização das Conferências do Milénio, que no ano letivo 1999/2000 trouxeram à Escola-sede oradores como o Dr. Bagão Félix, a Dr.ª Isabel Stilwell ou o Pe. Vasco Pinto de Magalhães.

© Texto da autoria de Luís Alves


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